A natureza maligna do estado

O colapso completo do lado esquerdo do espectro político americano continua sem freios.

As recentes ordens executivas do presidente Donald Trump relacionadas a refugiados provocaram outra rodada de protestos nacionais, e até algumas marchas internacionais. Também causaram um verdadeiro caos nos aeroportos, com autoridades federais detendo inúmeros viajantes estrangeiros oriundos dos sete países mencionados na ordem.

Consigo entender perfeitamente a indignação com a ordem executiva e com a postura que muitos têm em relação aos refugiados. Dito isso, não consigo deixar de me perguntar: onde estavam essas pessoas quando o presidente Obama bombardeava os países de onde esses refugiados estão fugindo? O silêncio absoluto enquanto a administração anterior destruía sete países com mísseis e bombas durante oito anos mostra que a indignação moral da esquerda tem mais a ver com quem detém o poder político do que com o impacto real das políticas de estado. Enquanto refugiados agora são apresentados como protagonistas neste novo ato do teatro político, a esquerda infelizmente relegou civis iemenitas mortos e mutilados ao papel de figurantes quando era “o seu cara” no comando. Muçulmanos mortos não combinam com o legado do “presidente da paz”.

A verdade é que a esquerda aprova com entusiasmo a autoridade centralizada que hoje torna Trump possível. Passaram os últimos oito anos alimentando e fortalecendo essa estrutura. Agora, fazem birra porque o poder mudou de mãos. Progressistas parecem ignorar que sua própria visão de estado foi o que deu a Donald Trump a plataforma e o poder que agora tanto criticam.

Enquanto isso, a direita política comemora com um sorriso autossatisfeito, se divertindo ao “dar o troco” na esquerda. Os gritos contra o abuso de autoridade executiva que ecoavam até o mês passado desapareceram, agora que Trump assumiu a coroa e o cetro de Obama e se acomoda como presidente imperial. A direita já domina a arte da justificativa política. Pelos próximos quatro anos, os republicanos carregarão o manto de centralizadores supremos — ignorando que, em algum momento, a esquerda vai retomar o volante.

Chegou a hora de olhar de frente para a raiz de todo esse mal: a existência do estado centralizado em si. Elimine a fonte do poder, e todos esses atores políticos tornam-se impotentes. Mas ninguém, nem na esquerda nem na direita, quer isso. Ninguém quer ser controlado. Mas ninguém está disposto a abrir mão da chance de controlar os outros — como mostra essa citação de um progressista:

Sou a favor de um Estado central forte, mas não tirânico, porque… essas não são as únicas duas opções. O mundo não é binário. Estou de saco cheio de quem insiste que é. Nós, “libtards”, não somos um bando de hipócritas estúpidos porque queremos Estado, mas não queremos que ele faça merda maligna.

Essa pessoa ignora uma verdade fundamental: você não pode ter estado centralizado sem tirania, porque o próprio estado se baseia num fundamento maligno de violência e coerção. Não importa o que o estado faça — suas ações sempre se resumem ao uso da força. O estado pode até gerar alguns resultados positivos, mas sempre os alcança por meios perversos.

O estado age em contradição com o Grande Mandamento. Não se pode amar o próximo como a si mesmo enquanto o ameaça com um porrete para forçá-lo a financiar seu programa ou a aceitar sua visão de utopia social.

Jesus chama seus seguidores para outro caminho. Ele construiu seu Reino sobre a graça e a misericórdia — não sobre a violência e a coerção. Na verdade, Ele rejeitou o processo político e a força brutal do estado como meio de estabelecer Seu Reino.

Satanás ofereceu isso a Ele.

Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: “Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar”. Jesus lhe disse: “Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’”. (Mateus 4:8-10)

Note a implicação: todos os reinos do mundo e seus sistemas pertencem a Satanás. São dele para oferecer. Jesus rejeitou o cetro de ferro que o diabo ofereceu. Ele escolheu a cruz e fundou um Reino sobre o amor sacrificial. Ele nos oferece cidadania nesse Reino, mas não nos obriga à força.

A questão é a seguinte: não se pode servir a dois reinos.

Se você abraça o estado centralizado, em algum momento a tirania vai apertar o seu pescoço. No fim, você vai receber a “merda maligna” porque o sistema em si é maligno.

Está na hora de buscar um caminho melhor.

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