Muitos na mídia chamam a pastora e televangelista Paula White de a “conselheira espiritual mais próxima” do presidente Trump. Em agosto, White participou do programa de Jim Bakker. Seus comentários levantaram algumas dúvidas na minha cabeça.
Em outras palavras, Kim Jong Un foi autenticamente — gostem ou não — levantado por Deus. Porque Deus diz que Ele levanta e coloca todas as pessoas em posições de autoridade. É Deus quem levanta um rei. É Deus quem derruba outro. Quando você luta contra o plano de Deus, está lutando contra a mão de Deus.
Ah, espera. Ela não disse exatamente “Kim Jong Un”. Ela não estava falando sobre o líder supremo da Coreia do Norte. Ela estava falando sobre Trump. Mas, da perspectiva de um norte-coreano, o mesmo raciocínio não se aplicaria? Se realmente abraçarmos essa leitura extremamente literal de Romanos 13, tirada completamente do contexto do restante da Bíblia, não seguiria logicamente que Kim Jong Un também foi levantado por Deus, assim como Trump? Então, o povo dele não deveria submeter-se obedientemente à sua tirania?
E como justificar os EUA “derrubarem” um líder de outro país, se Deus o colocou lá? Os Estados Unidos não estariam lutando contra o plano e a mão de Deus?
“Mas Mike,” você pode dizer, “[Kim Jong] Un é claramente mau, e os EUA têm a obrigação moral de tirá-lo do poder. Isso também faz parte do plano de Deus.”
Então, vamos ser bem honestos por um instante. O governo dos EUA já fez muita coisa má — talvez até mais maldades que a pequena e velha Coreia do Norte. Tenho quase certeza de que as famílias das pessoas inocentes mortas em intervenções militares dos EUA desde que Trump assumiu não têm uma boa imagem do presidente. Aliás, elas podem até achá-lo mau. E a cultura americana não exatamente grita “santa e boa”.
Paula projetou o típico narcisismo e miopia americanos — “Nossos líderes políticos são bons e verdadeiros e foram colocados em posições de autoridade por Deus. Todos aqueles outros líderes nacionais — nem tanto.”
Se você parar pra pensar, esse raciocínio todo não faz sentido.
Paula continua e fala da esperança que tem na Suprema Corte dos EUA agora que Trump é o líder supremo.
Nós queremos que a nossa Suprema Corte seja como Neil Gorsuch. Porque juízes da Suprema Corte — se conseguirmos mais dois, vamos lá, se conseguirmos mais dois, e agora mesmo, eu sei que agora estamos assustando o inferno literal de espíritos demoníacos só de eu dizer isso, porque se conseguirmos mais dois, poderemos derrubar leis e decretos demoníacos que mantêm esta nação em cativeiro.
Agora, espere um pouco. Essas “leis e decretos demoníacos” não foram promulgados por pessoas colocadas em autoridade? Esses juízes da Suprema Corte foram nomeados por presidentes passados. E não foi Deus quem colocou aqueles presidentes no poder? Então essas leis e decretos não fariam parte do plano de Deus? Quem é Paula pra lutar contra eles? Parece que ela deveria calar a boca e se submeter às pessoas colocadas em autoridade.
Ou talvez — só talvez — essa leitura simplista de Romanos 13 esteja totalmente errada.
Está claro que esse raciocínio não se sustenta.
O estatismo é uma construção pecaminosa. Jesus chama seus seguidores a adotarem um caminho diferente. Ele construiu seu reino sobre os alicerces da graça e da misericórdia, não sobre a violência e a coerção. De fato, Ele rejeitou o processo político e o poder esmagador do governo como meio de estabelecer Seu reino, quando Satanás Lhe ofereceu essa via. Pessoas como Paula White, que têm essa noção equivocada de que os Estados Unidos formam uma espécie de “nação cristã” e anseiam por um salvador político, estão cometendo o mesmo erro que os judeus cometeram nos dias de Jesus. Estão rejeitando o Reino de Deus em troca de um substituto terreno pobre.